Igreja de S. Julião (Igreja Matriz)

Localização: Mangualde

Arquitectura religiosa, românico-gótica, maneirista, barroca, neogótica. O início da sua construção data do século XI.

 

 

 Arquitectura religiosa, românico-gótica, maneirista, barroca, neogótica. Elementos românico-góticos patentes na série de onze cachorros fitomórficos, zoomórficos e geométricos, no portal lateral em arco quebrado, nos dois vãos entaipados, em arco pleno, na fachada N., blocos com siglas de canteiros na fachada S.. Torre campanário com frontão semi-circular, portais das capelas laterais com pintura marmoreada, ladeados de pilastras e encimados por frontões interrompido e de aletas, Sacristia, Casa da Fábrica e Capela de Jesus, de estrutura maneirista. Retábulos de talha barroca na capela-mor, da primeira fase do Estilo Nacional, com as espirais das colunas pseudo-salomónicas a prolongarem-se nas arquivoltas unidas no sentido do raio e predominância da folha de acanto. Altares laterais de estilo Joanino com colunas salomónicas decoradas com grinaldas, sanefas e plumas. Frontaria revivalista neogótica com vãos em arco quebrado século XI.

Cronologia

1103 - Pedro Sernandes doa o Mosteiro de São Julião, fundado no séc. 11, à Sé de Coimbra e a igreja transforma-se na matriz paroquial; séc. 13 / 14 - a igreja é reconstruída; 1462 - D. Afonso V faz mercê do padroado a Fernão Cabral, confirmada aos seus descendentes em 1496, 1509, 1520 e 1529; 1517 - a igreja torna-se comenda da Ordem de Cristo; séc. 16, 2ª metade - fazem-se os arcos das capelas laterais; séc. 17 - construção do campanário e da cruz defronte; 1635 - António Vieira executa as pinturas do retábulo da capela-mor *2; 1668 - começam as obras de alteamento do corpo da igreja; 1669 - continuam as obras e Manuel Osório de Amaral manda pintar e dourar os retábulos colaterais; 1673 - a guarnição do retábulo da capela-mor está danificada; 1686 - o ouro do retábulo necessita de restauro; 1690 - obras de remodelação e nova benção da capela-mor; 1707 - o novo retábulo foi recusado e decide-se fazer outro; 1709 - contrato para execução do retábulo;

o forro da igreja ameaça ruir; faz-se o tecto apainelado e revestem-se as paredes laterais da capela-mor com talha; 1723 - o novo retábulo está concluído; nas paredes laterais colocaram-se as pinturas do primeiro retábulo; 1745 - o pavimento precisa de obras; 1747 - o corpo da igreja está degradado e todo escorado; 1750 - contrato com Manuel Dias de Araújo para novo retábulo para o altar de Santo António, segundo traça de Frei Francisco, residente em São Francisco de Orgens, obra arrematada por 65$000 réis; 1751 - escritura pública para construir nova igreja, o que não é concretizado e o dinheiro aplicado na reedificação; 1758, 9 Junho - nas Memnórias Paroquiais, assinadas por José Ribeiro de Mesquita, refere que a igreja era do padroado apesar da existÊncia de "humas armas que se acham esculpidas em pedra na capella mor da mesma Igreja mostra ser antigamente do Padroado da Caza de Belmonte";

a povoação tinha 509 vizinhos e a igreja tinha sete altares, o mor, com o Santíssimo Sacramento, Santo António, Menino Jesus, Senhora do Rosário, Santos Reis, Santo Cristo e Senhora da Graça; o vigário recebia 400$000 de côngrua; 1777, 18 Janeiro - o mestre António da Costa Faro arrendou por 825$000 a terça dos rendimentos da igreja; 1838 - a fachada principal e o coro-alto desmoronam; 1841 - início da reedificação da frontaria e parte da fachada S.; 1843 - várias obras de reconstrução: madeiramento e parede N. da capela-mor, caiação de paredes, consertos nos altares, na capela do Sacramento, no tecto da Sacristia, no altar-mor, pavimentos e telhados; Miguel Xavier Merciera retoca os quadros da Sacristia; pintura do arco triunfal; 1844 - obra do coro-alto e acessos; desaparecem seis altares laterais do séc. 18; António Lourenço faz a escadaria e muro do adro; 1857 - novo forro de pinho e consertos dos telhados;

1980 - aparece uma sepultura monolítica antropomórfica, a S. da igreja; 1982 - escavação de parte do adro, descobrindo-se a necrópole medieval com quarenta e quatro sepulturas, as quais foram novamente tapadas, deixando-se a descoberta três delas.


Igreja da Misericórdia de Mangualde

Localização: Mangualde

A igreja que hoje observamos, bem como a torre e as casas anexas, remontam à segunda década de Setecentos.

 

 

Muito embora os estatutos da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde tivessem sido confirmados em 1613, no início do século XVIII esta instituição não dispunha ainda de instalações próprias, vendo-se obrigada a recorrer à igreja paroquial de São Julião de Azurara (ALVES, 1959, p. 29).

A igreja que hoje observamos, bem como a torre e as casas anexas, remontam à segunda década de Setecentos, mais precisamente a 1721, ano que em foi lançada a primeira pedra do templo. As dificuldades financeiras com que a Misericórdia se debatia foram sendo colmatadas quer pela generosidade do Rei D. João V, que sempre aceitou os pedidos da Irmandade, quer pelo então Reitor, Simão Paes de Amaral, fidalgo d-El Rei, Provedor da Misericórdia, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e capitão-mor do concelho, que deu grande impulso a estas obras, doando os terrenos e contribuindo, ainda, financeiramente para a conclusão das mesmas (ALVES, 1959, pp. 29-42). O risco do edifício foi encomendado a Gaspar Ferreira, um artista coimbrão, arquitecto e entalhador (facto comum à época, uma vez que as estruturas arquitectónicas dos conjuntos retabulares eram bastante atractivas para os arquitectos), que trabalhou em Coimbra e noutras cidades do centro do país.

Em Mangualde, e para além deste templo, desenhou também o recolhimento de Nossa Senhora da Conceição e as casas de José Rebelo Castelo Branco (PEREIRA, 1986, p. 27; PIMENTEL, 1989, p. 187).

A igreja, de planta rectangular, de nave única, com capela-mor mais estreita, apresenta fachada animada por um frontão constituído por duas volutas, com óculo central rematado por pináculos e cruz. O portal principal é recto, sobrepondo-se-lhe uma janela de sacada. Quatro janelas ladeiam o conjunto, o que divide o alçado em três grandes composições verticais. No alçado ocidental ergue-se uma varanda com colunata toscana, a que se acede por uma escadaria. Este elemento, erguido à frente da sacristia e da torre, recorda determinadas construções nobres dos séculos XVII e XVIII. Fruto da sua formação de autodidacta, Gaspar Ferreira optou, neste templo, por um "(...) esquema pautado ainda por padrões provincianos" (PIMENTEL, 1989, p. 187).

Se a igreja foi sagrada em 1724, a campanha decorativa do interior conheceu muito maiores dificuldades financeiras, prolongando-se, pelo menos até à segunda metade de Setecentos. Assim, o contrato celebrado entre o entalhador portuense Luís Pereira da Costa e a Irmandade, data apenas de 1729. De acordo com este documento, o artista foi responsável pela execução "(...) dos três retábulos com a respectiva tribuna, assim como o apainelado da capela-mor, o acréscimo do nicho do Santo Cristo da Casa do Despacho, a varanda e as sanefas das janelas da tribuna (...)" (ALVES, 1959, p. 36, citando documento que publica). Já as imagens de São Simão, São João Baptista, Santa Bárbara e São Bartolomeu foram esculpidas por Mestre Custódio de Sousa, também originário do Porto. A imagem de Nossa Senhora da Misericórdia foi executada em Braga.

A nave é coberta por tecto pintado em trompe l'oeil com a representação de Nossa Senhora da Assunção. Quanto às paredes, estas são revestidas por painéis de azulejos azuis e brancos, de fabrico coimbrão, com cercaduras arquitectónicas. Do lado do Evangelho observam-se cenas da Apanha do Maná, e do lado oposto as bodas de Canaã e São Martinho de Tours oferecendo a capa a um pobre. Sob o púlpito, emblemas clericais. Os painéis da capela-mor, de c. 1724, representam um jardim concluso e a Porta Coeli (SIMÕES, 1979, pp. 120-121). Reveste o tecto da capela-mor um conjunto de caixotões com telas representando passos da vida da Virgem.


Igreja Nossa Senhora do Castelo

Localização: Mangualde

O santuário de Nossa Senhora do Castelo resulta de várias campanhas de obras que, ao longo dos séculos, foram definindo o espaço circundante e o templo. Em todo o caso, é comummente aceite que a primeira edificação tenha ocorrido no último quartel do século XIV.

 

 

O santuário de Nossa Senhora do Castelo resulta de várias campanhas de obras que, ao longo dos séculos, foram definindo o espaço circundante e o templo, muito embora o que hoje observamos remonte ao século XVIII e XIX. Na realidade, nada resta das intervenções anteriores, cuja origem parece recuar a épocas anteriores à nacionalidade, conforme defendem alguns autores e as muitas lendas que se foram avolumando em torno da devoção a Nossa Senhora (ALVES, 1989).

Em todo o caso, é comummente aceite que a primeira edificação tenha ocorrido no último quartel do século XIV, muito possivelmente relacionada com a batalha de Trancoso, ocorrida a 19 de Maio de 1385. Nesta medida, a ermida teria sido construída como um ex-voto pelos habitantes de Viseu (ALVES, 1989, p. 10), situando-se no local onde se ergueu, depois, a casa do Ermitão. Desta edificação, subsiste, apenas, parte do revestimento azulejar, de tapete, em tons de amarelo e azul, posteriormente aplicado no rodapé da Sala das Sessões (situada no eixo da capela-mor).

Nova intervenção, com certeza de âmbito bastante alargado (algumas referência aludem ao estado de ruína da capela), aconteceu na segunda metade do século XVII. Mas foi na centúria seguinte que se começou a delinear o escadório, que se conserva apenas com algumas alterações ao número de degraus. De facto, em 1750 começaram as obras neste espaço, juntamente com as capelinhas, todas elas obedecendo a um mesmo modelo, com azulejos no interior, ilustrativos da invocação de cada uma - Nossa Senhora da Conceição, Senhora da Encarnação, Nossa Senhora da Visitação e Nossa Senhora da Assunção. Desta época resta ainda um templete e a "fonte do caracol".

Com as Invasões Francesas e o saque consequente, foram suspensas as celebrações litúrgicas, e as obras para a construção do novo templo começaram em 1819, graças ao empenho de Miguel Pais de Sá Meneses, a expensas de quem a igreja foi erguida.

As obras prolongaram-se durante cerca de 58 anos, encontrando-se devidamente documentadas em dois códices pertencentes à Casa Anadia e num Livro de Contas da Santa Casa da Misericórdia, administradora do santuário. Estes dados foram divulgados por Alexandre Alves, que numa monografia dedicada ao santuário, refere os artistas que aqui trabalharam e as obras por eles executadas (ALVES, 1989). Ao mesmo tempo que exalta a importância de Miguel Pais e da família Pais do Amaral, Condes de Anadia, que dispunham de tribuna própria para assistir ás celebrações no interior do templo.

Neste contexto, o santuário que hoje observamos é, em grande medida, devedor dos santuários de peregrinação barrocos, ainda que numa escala bem mais reduzida e, como se adivinha pela invocação das capelas, afastada da ligação entre o percurso e a Paixão de Cristo. A fachada apresenta uma composição de grande interesse, dividida em três secções verticais entre as quais se destaca a central, por incluir o portal, a que se sobrepõe o janelão de iluminação do coro. Num plano um pouco mais recuado, ergue-se a torre ameada, de grande dimensão. No interior, os altares são de talha neoclássica, embora ainda de estrutura barroca, onde se observa a influência do italiano Luís Chiari (o que volta a acontecer na composição da cobertura em estuque do templo). No principal exibe-se a imagem de Nossa Senhora com o Menino, bem como São Miguel Arcanjo e São José com o Menino (santos patronos de José e Miguel Pais). Os restantes são dedicados aos pais da Virgem, Santa Ana e São Joaquim.

Uma última referência para as diferentes alusões à Ordem de Malta, justificáveis se tomarmos em consideração que Miguel Pais de Meneses foi seu Comendador. Note-se ainda que este, e alguns dos seus descendentes, estão sepultados em lápides no corpo da igreja.


Capela do Rebelo

Localização: Mangualde

A capela do Rebelo deve a sua designação mais comum ao facto de ter pertencido à casa da família com o mesmo nome. Contudo, a capela foi, originalmente, dedicada a Nossa Senhora do Desterro.

 

 

A capela do Rebelo deve a sua designação mais comum ao facto de ter pertencido à casa da família com o mesmo nome. Contudo, a capela foi, originalmente, dedicada a Nossa Senhora do Desterro ou a Jesus, Maria e José, beneficiando de uma especial devoção por parte da população, que aderia entusiasticamente às festas patrocinadas pelos mordomos da Capela (ALVES, 1977, p. 615).

De facto, José Rebelo Castelo Branco, natural de Roriz, estabeleceu-se em Mangualde através do casamento com D. Clara Maria do Couto, fixando a sua residência nas casas que hoje acolhem a Câmara Municipal. A capela é uma intervenção posterior, tendo sido fundada em 1742, no contexto de uma dinâmica de renovação da casa de José Rebelo, que este pretendeu dignificar com a edificação de um pequeno templo anexo.

A sua construção foi relativamente rápida, uma vez que, no ano seguinte, decorria já todo o processo que conduziu à bênção da capela, numa cerimónia presidida pelo padre Gabriel Monteiro (ALVES, 1977, p. 614).

Resultou desta obra um espaço de características barrocas, com planta longitudinal que articula os dois rectângulos correspondentes à nave e à capela-mor, devidamente separadas pelo arco triunfal. A ligação à antiga Casa do Rebelo é feita a partir do coro que, do lado oposto, comunica com o varandim presente na única fachada lateral.

A frontaria da capela destaca-se por ser elevada em relação ao pavimento, sendo necessário percorrer os oito degraus semicirculares para aceder ao portal de entrada. Da sua composição ressalta a semelhança com a fachada da igreja da Misericórdia de Mangualde, desenhada por Gaspar Ferreira, ainda que no caso da Capela do Rebelo, o movimento seja sugerido pelas volutas adossadas no frontão triangular e não através do recorte do próprio frontão, como acontece na Misericórdia.

Na restante composição as semelhanças entre as duas frontarias tendem a diluir-se. Na capela do Rebelo o portal é ladeado por pilastras e rematado por frontão de volutas. Este último é interrompido pelo nicho de remate semicircular, que imprime essa mesma forma à cornija. Ladeiam o portal duas janelas de moldura recta, com frontão semicircular.

No interior, ganha especial relevância o retábulo-mor, de desenho invulgar, que apresenta tribuna de grandes dimensões, em cujo trono é exibido o conjunto escultórico representando Nossa Senhora, São José e o Menino, ou seja, a Sagrada Família no regresso da Fuga para o Egipto, também considerado como um período de Desterro. Na base encontram-se as imagens de São Bartolomeu e de Santa Gertrudes, a primeira das quais pertencente a uma outra capela dedicada ao santo, demolida no primeiro quartel do século XVIII. Por esta razão, José Rebelo comprou a imagem em 1738, por mil quatrocentos e quarenta reis (ALVES, 1977, p. 618). Na zona superior do retábulo, o tímpano é formado por um painel com a imagem do Padre Eterno.

Aberto para a capela-mor, encontra-se ainda uma tribuna, que constituía um espaço privilegiado de onde a família Rebelo assistia aos ofícios divinos.

De acordo com os estudos de Alexandre Alves, a descendência desta família não foi muito feliz, acabando o ramo por se extinguir no século XIX. Assim, foi já uma herdeira afastada que vendeu a Casa e a Capela à Câmara, em 1856, que se instalou neste espaço, onde ainda hoje se encontra. A capela, sem utilidade de maior, conheceu uma progressiva ruína, até ao seu restauro nos anos setenta do século XX, abrindo de novo as suas portas em 1976.


Palácio dos Condes de Anadia

Localização: Mangualde

O Palácio Anadia insere-se no quadro da arquitectura civil rococó, apesar de ser ainda muito devedora dos modelos do barroco nortenho de influência nasoniana. È pertença da família Paes do Amaral desde o século XVII.

 

 

Pertença da família Paes do Amaral, desde o século XVII, a capela e morgadio de São Bernardo foram legados por testamento de Gaspar Paes de Amaral, capitão-mor da vila e concelho de Azurara da Beira (nome pelo qual era designada, até ao final do século XVIII, a localidade de Mangualde) a seu sobrinho Miguel Paes do Amaral, que lhe sucedeu ao no cargo referido, acumulando-o com o de familiar do Santo Ofício, fidalgo d'el Rei e cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis (ALVES, 1972, p. 78). Este último foi o responsável pelo alargamento da propriedade, através da aquisição das casas da Câmara, da cadeia e outras casas particulares, e pela reconstrução da capela, o que ocorreu em 1683. É a estas edificações que corresponde o Palácio que hoje observamos, construído por iniciativa de Miguel Paes, mas cujas obras se prolongaram até ao século XIX, época em que ficou concluída a decoração do interior do solar e da capela.

Nesta medida, o Palácio Anadia insere-se no quadro da arquitectura civil rococó, apesar de ser ainda muito devedora dos modelos do barroco nortenho de influência nasoniana.

Trata-se de um solar por muitos considerado como uma das mais "sumptuosas residências fidalgas da província da Beira Alta" (ALVES, 1972, p. 77), facto que se compreende se tomarmos em consideração a importância e prestígio da família (que entretanto reunira a Casa de Mangualde com a de Anadia), cujo nome se liga ao de tantas outras instituições da vila (como o Santuário de Nossa Senhora do Castelo ou da Misericórdia, entre outras). Nesta medida, e acentuando a relevância do Solar, aqui trabalharam artistas nacionais e estrangeiros, e muito embora se desconheça o autor do projecto arquitectónico, este tem vindo a ser aproximado à obra de Gaspar Ferreira, e não deixa de ser interessante verificar que o mesmo metre trabalhou na igreja da Misericórdia quando era reitor da confraria Simão Paes de Amaral. Por seu turno, a modelação dos elementos decorativos dos diferentes vãos recordam outras composições de António Mendes Coutinho, discípulo de Nicolau Nasoni, oriundo de Lamego (ALVES, 1972, p. 80).

As fachadas são todas distintas entre si, destacando-se a principal e a sul. A primeira, denota a já referida influência das casas do Norte, no portal central com a varanda superior (AZEVEDO, 1969, p. 88). A segunda ganha especial relevância devido à dupla escadaria semi-circular, atribuída a António Mendes Coutinho, e à loggia que se lhe sobrepõe.

A capela de São Bernardo, no eixo da frontaria, apresenta portal com frontão, janelão sobreposto e remate em platibanda recta. A última intervenção sofrida remonta à segunda década do século XIX, mas é possível que o arquitecto José do Couto tenha realizado alguma obra em 1824 (ANACLETO, 2002, p. 202). O retábulo é o original e o tecto em estuque recorda outras obras de Luigi Chiari (ALVES, 1972, p. 88).

O interior do palácio apresenta um vasto e significativo conjunto de silhares de azulejo. Os do átrio, representando episódios mitológicos, são datados de cerca de 1740 e, muito possivelmente de origem coimbrã, encontrando-se atribuídos a Sousa Carvalho (SIMÕES, ). O conjunto da Sala Nobre, da mesma época e autor, exibe as quatro partes do mundo. Por sua vez, os azulejos do Salão de Baile que ilustram o "Mundo ás avessas", são já da segunda metade do século XVIII, e baseados em gravuras de Oudry.

Por fim, importa referir a colecção de mobiliário, pinturas e gravuras, entre as quais ganha especial interesse a mesa da Sala Nobre com tampo de embutidos marmóreos, executada por Leoni em 1673, e o mobiliário da Sala de Música, com chinoiseries. No campo da pintura, o retrato de Simão Paes do Amaral (10º Senhor da Casa de Mangualde), executado por Pelllegrini em 1806 é, sem dúvida, uma das obras mais significativas.


Casa de Almeidinha

Localização: Almeidinha

Construída em meados do século XVI por Estevão Dias do Amaral. Do edifício original conserva-se a torre.

 

 

Construída em meados do século XVI por Estevão Dias do Amaral, a Casa de Almeidinha passou a dispor de capela, dedicada ao Espírito Santo, a partir de 1590, devendo-se a iniciativa desta edificação a Gaspar Paes do Amaral, fidalgo da Casa d'El Rei e filho do primeiro proprietário. De acordo com uma inscrição na capela, esta foi remodelada em 1741 - data a partir da qual foi permitido celebrar missa -, prolongando-se as obras à casa de habitação, então ampliada por Manuel Osório de Amaral.

Na segunda metade de Setecentos, Simeão do Amaral Osório mandou revestir algumas das salas com silhares de azulejo. As intervenções continuaram depois, no século XIX, desta feita em consequência da criação do título de Barão por D. Maria, em 1840, e do título de Visconde de Almeidinha por Decreto de D. Luís, em 1865. Foi o 1º Visconde, João Carlos do Amaral Osório de Sousa Pizarro (que era 2º Barão de Almeidinha), quem realizou novas obras no edifício, alterando a entrada principal, sobre a qual colocou, em destaque, as suas armas.

Do edifício original conserva-se a torre, visível principalmente no alçado Norte, e a abóbada polinervada e estrelada da capela-mor, que assenta sobre mísulas. A estrutura dos restantes espaços corresponde às obras dos séculos XVIII e XIX.

O volume da zona habitacional desenvolve-se longitudinalmente, em dois pisos. Na fachada principal, seccionada por pilastras, ganha especial interesse a entrada, antecedida por escadaria de acesso à varanda coberta, marcada por três arcos rebaixados. Sobre o arco central encontra-se a pedra de armas já referida, fazendo elevar a linha da cornija que desenha um frontão semicircular. Este volume forma um L com o corpo em que a capela se insere. Ao centro de um volume baixo e aberto por janelas e óculos ovais, o frontispício do templo é delimitado por pilastras, terminando em empena. O portal de verga recta ladeado por pilastras estriadas, é rematado por frontão de aletas interrompido pelo escudo esquartelado: no primeiro quartel Amaral; no segundo Osório; no terceiro Cabral e no quarto Fonseca.

No alçado posterior da casa, igualmente seccionado por pilastras, e aberto por janelas de moldura trabalhada, destaca-se a varanda reentrante, suportada por colunas.

Uma última referência para os jardins, onde se encontra o Pátio das Acácias e diversos equipamentos, como a casa de fresco, a fonte e os bancos de pedra, ou o denominado Jogo da Pela, com uma fonte de grandes dimensões, rematada por volutas e fogaréus e com espaldar anteriormente revestido por azulejos azuis e brancos (SIMÕES, 1979).


Casa da Portelada ou Casa de Santa Quitéria

Localização: Santo Amaro de Azurara

A casa da Portelada foi edificada no inicio do século XVII. Junto à casa foi edificada no século XVIII a capela privada da residência.

 

 

 Situada na povoação de Santo Amaro de Azurara a Casa da Portelada, ou de Santa Quitéria, pertencia ao antigo concelho de Azurara da Beira, criado por foral do Conde D. Henrique em 1102. Este foral viria a ser confirmado por D. Afonso III em 1218, e posteriormente, no início do século XVI, durante as reformas administrativas manuelinas. No século XIX, o concelho passaria a designar-se Mangualde, topónimo que mantém até hoje.

A Casa da Portelada foi edificada no início do século XVII, sendo seu proprietário Henrique da Costa Faro. Em 1580 Costa Faro foi desterrado da corte de D. Filipe I por não ter tomado o partido castelhano, ficando degredado no lugar de Cães de Cima, onde posteriormente edificou a Casa da Portelada, ou de Santa Quitéria.

Este edifício é um exemplar da arquitectura solarenga seiscentista, com planta rectangular disposta longitudinalmente, dividida em dois pisos. A estrutura exterior destaca-se pela sobriedade e simetria das fachadas, destacando-se na zona posterior um alpendre assente sobre colunata toscana, que dá acesso a uma loggia , disposta lateralmente.

O espaço interior, à semelhança do que era designado na trata dística da época, divide-se em duas áreas completamente distintas, correspondentes às dependências de serviço, organizadas no primeiro piso, e ao espaço residencial, que ocupa o piso superior. Um corredor disposto ao longo do alçado permite a entrada nas várias dependências residenciais, algumas comunicantes entre si.

Junto à casa foi edificada no século XVIII a capela privada da residência. De planta rectangular, composta pela nave única com coro-alto e pela sacristia, é o elemento mais exuberante da casa, apresentando um modelo de gosto barroco. Possui retábulo-mor de talha rocaille dourada e policromada, que inclui telas. O espaço interior é decorado com azulejos de figura avulsa setecentistas e coberto por tecto de madeira pintado com imagens em trompe l'oeil.


Casa de Darei

Localização: Darei

 

 

 


Torre do Relógio Velho

Localização: Mangualde

A Torre serviu para instalação do relógio da vila até ao momento em que foi colocado na torre da Misericórdia o mecanismo do relógio do Real Mosteiro de Maceira Dão.

 

 


Citânia da Raposeira

Localização: Mangualde

Aglomerado que seria parte de uma povoação romana, disposto longitudinalmente sobre um eixo N.- NO. / S.- SE., com planta em forma de E deitado.

 

 

É uma unidade agrária que inclui uma área habitacional com o corpo principal a SO., de planta rectangular, com parede mestra ao meio e divisões para ambos os lados, pátios interiores, cozinha, latrina e uma rede de condutas para aproveitamento de água que se prolonga para E.. Segue-se a zona dos banhos privados com três salas: hipocausto, caldário e tepidário, e novamente um recinto rectangular dividido em pequenos cubículos, que constituía o celeiro, a que se ligam vários anexos, prováveis arrecadações e dependências para pessoal e animais. Os pavimentos são de tijoleira reaproveitada e lascas de pedra. Na altura da descoberta uma das paredes dos banhos ainda possuía pequenos desenhos geométricos de estuque.


Capela de Santo António

Localização: Roda

Retábulo do século XVII. É maneirista. Está repintado. A imagem de Stº António é do século XVI. Há um altar lateral com uma imagem de Nª. Srª. da Conceição.

 

 


Capela de Nossa Senhora da Conceição

Localização: Santo Amaro de Azurara

Imagens em madeira policromada de Nossa Senhora da Conceição, de Santa Barbara e Santo Amaro (escola popular do século XVII). Imagem de S.to António em madeira (recente, mais concretamente do último quartel do século XX) e imagem de São João Baptista em terracota policromada (escola artística do século XVIII).

 

Foi construída de 08/12/1971 a 03/08/1975 (assenta nas pedras da antiga capela construída no século XVII, que lhe servem de alicerce).

Foram aproveitadas todas as imagens, os tocheiros e as mísulas da capela antiga.

A inscrição em pedra mármore que está colocada à esquerda de quem entra na capela confirma o erro que se continua a manter em se designar somente Santo Amaro, em vez de Santo Amaro de Azurara, levando a supor que a capela é de invocação a Santo Amaro em vez de Nossa Senhora da Conceição.


Capela da Senhora do Campo

Localização: Almeidinha

Imagens de St.º António do século XVI e da Sr.ª do Campo do século XV. Tem um crucifixo do século XIX.

 

 


Capela de Santo António dos Cabaços

Localização: S. Cosmado

Formato hexagonal encimada por uma meia laranja, tem 6 pináculos.

 

 

 


Capela de S. Domingos

Localização: Ançada

Imagens de S. Domingos, século XV/XVI em pedra, da Sr.ª da Nazaré do século XVII em madeira, de S. Caetano, em madeira do século XVIII e de S. Sebastião, em pedra do século XVI. Retábulo maneirista do século XVII.

 

 


Capela de Santa Luzia

Localização: Santa Luzia

Reconstruída na 1ª metade do século XIX. O portal tem a data de 1838. Retábulo da 1ª metade do século XVIII. Imagem de St.ª Luzia, em madeira, século XVIII.